A divisão Xbox, uma das mais conhecidas do ecossistema da Microsoft, está enfrentando uma crise interna significativa. Após uma série de demissões que afetaram diretamente a equipe de games da companhia, surgem agora informações preocupantes sobre as metas corporativas que estão sendo impostas ao setor.

De acordo com o jornalista Jez Corden, do site Windows Central, a CFO da Microsoft, Amy Hood, teria estabelecido objetivos financeiros “não realistas” para a área de jogos da empresa. Segundo ele, essas metas podem continuar ferindo a divisão Xbox, com consequências ainda mais severas no médio prazo.
Pressão crescente após demissões em massa
Na última semana, a Microsoft demitiu mais de 9 mil funcionários, sendo que mais de 2 mil deles pertenciam diretamente à divisão Xbox. Essa já é a quarta grande leva de demissões em 18 meses. Além disso, o setor também vem enfrentando o fechamento de estúdios importantes, como a Tango Gameworks (de Hi-Fi Rush) e The Initiative, além de cancelamentos de projetos aguardados como Perfect Dark e Everwild.

Essa onda de cortes reflete o clima tenso nos bastidores da empresa. Aparentemente, os resultados esperados pelos executivos estão acima do que a estrutura atual da divisão pode oferecer. O receio é de que, caso essas metas não sejam alcançadas, novos cortes e cancelamentos se tornem inevitáveis.
Divergências sobre o futuro da divisão
A declaração de Jez Corden gerou respostas de nomes importantes da mídia especializada. Tom Warren, do The Verge, argumentou no X (antigo Twitter) que não considera as metas “irreais”, mas sim que a realidade de negócios mudou após a aquisição bilionária da Activision Blizzard King – que custou à Microsoft quase US$ 70 bilhões.
Segundo Warren, a receita do Xbox não teria crescido sem essa fusão e o Game Pass ainda é uma aposta que não deu o retorno esperado. Já Jez Corden discorda fortemente, afirmando que o Xbox não pode ser gerenciado como uma empresa B2B (business to business), como o restante da Microsoft, pois lida diretamente com consumidores finais e entretenimento – uma indústria com riscos e dinâmicas próprias.
Game Pass no centro da discussão
O serviço de assinatura Game Pass, outrora elogiado como uma revolução na forma de consumir jogos, vem sendo cada vez mais questionado. Além das críticas sobre sua sustentabilidade econômica, o modelo estaria desvalorizando os próprios jogos da Microsoft, de acordo com desenvolvedores como o fundador da Arkane Studios, que o chamou de “insustentável”.

Esse contexto sugere que a aposta da Microsoft pode não estar se pagando como o esperado. E com metas mais rígidas impostas por executivos que veem a divisão apenas sob a ótica financeira, a tendência é que o foco na criatividade e na inovação dos jogos fique em segundo plano.
O que vem a seguir para o Xbox?
Enquanto a Microsoft ainda colhe os frutos da aquisição da Activision, o futuro do Xbox permanece incerto. O temor é que a empresa continue a aplicar metas e métricas corporativas de forma inflexível, prejudicando a alma da marca: seus estúdios, jogos e jogadores.
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Caso o cenário atual não mude, podemos esperar mais fechamentos, aumento de preços, e menos ousadia criativa nos próximos títulos da marca. O Xbox está num momento decisivo – e talvez, mais vulnerável do que nunca.
Fonte: Jez Corden/Twitter