Um corte profundo: Turn 10 Studios perde 50% de sua equipe
A recente onda de demissões na Microsoft pegou a indústria de surpresa mais uma vez. Em meio à reestruturação agressiva promovida pela gigante da tecnologia, a Turn 10 Studios, responsável pela lendária franquia Forza Motorsport, teve aproximadamente metade de sua equipe dispensada. Segundo reportagem do The Verge, pouco mais de 70 funcionários do estúdio foram demitidos, o que representa um baque monumental para uma equipe que já operava com uma estrutura enxuta.

As demissões ocorreram dentro do contexto de um corte maior na divisão Xbox, que teria perdido cerca de 650 funcionários nesta última leva, como parte dos 9,1 mil desligamentos anunciados pela Microsoft em 2025. E o impacto vai além de números: trata-se de um duro golpe na espinha dorsal de uma das franquias mais valiosas da marca Xbox.
A importância histórica da Turn 10 para o ecossistema Xbox
Desde a sua fundação em 2001, a Turn 10 Studios tornou-se um dos pilares da divisão Xbox Game Studios. O estúdio foi criado com um único objetivo: desenvolver um simulador de corrida que pudesse rivalizar com Gran Turismo, exclusivo da Sony.
Em 2005, esse plano se concretizou com o lançamento de Forza Motorsport no primeiro Xbox. O jogo foi bem recebido e logo se tornou referência em realismo, controle e fidelidade visual. O sucesso se repetiu com Forza Motorsport 2, 3 e 4, destaques da era Xbox 360, ao lado de Halo, Gears of War e Fable.

A evolução continuou no Xbox One, com os lançamentos de Forza Motorsport 5 (2013), Forza Motorsport 6 (2015) e Forza Motorsport 7 (2017). Finalmente, em 2023, o aguardado reboot intitulado apenas Forza Motorsport chegou ao Xbox Series X|S e PC, sendo elogiado pelos gráficos realistas e pela física aprimorada.
A Turn 10 era um símbolo de excelência e consistência dentro da Microsoft. Suas entregas sempre mantiveram um padrão elevado, garantindo à franquia um lugar de destaque no portfólio da empresa.

Por que a Microsoft está demitindo tanto?
Para entender o que levou a essas demissões em massa, é preciso analisar o contexto recente da Microsoft. Desde 2023, a empresa tem promovido cortes frequentes em diversas divisões, mesmo após reportar lucros bilionários.

A aquisição da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, finalizada em 2023, parece ter desencadeado uma série de ajustes internos. A Microsoft tenta enxugar estruturas e consolidar operações, mas o preço disso tem sido alto: cancelamentos de jogos, fechamento de estúdios e perda de talentos-chave.
Em 2025, os cortes escalaram de forma agressiva:
- Janeiro: 1% da força de trabalho demitida
- Maio: mais de 6 mil cortes
- Junho: outros 300 desligamentos
- Julho: mais 9,1 mil cortes, incluindo 650 da divisão Xbox
A justificativa oficial costuma girar em torno de “reestruturação estratégica”, mas internamente, há relatos de desorganização, falta de direção clara e pressão excessiva para gerar resultados rápidos.
Outros estúdios afetados: Perfect Dark cancelado e Rare enfraquecida
A Turn 10 não foi o único estúdio atingido. A Microsoft encerrou oficialmente o estúdio The Initiative, responsável pelo reboot de Perfect Dark, que agora está cancelado. A Rare, outro estúdio histórico, também sofreu diversas demissões e o cancelamento do ambicioso Everwild.

A situação gera um clima de incerteza dentro da comunidade Xbox. Em vez de expansão e inovação, os fãs estão assistindo a uma sequência de promessas quebradas, franquias abandonadas e estúdios desmantelados.
O que pode acontecer com Forza Motorsport agora?
Com metade da equipe da Turn 10 dispensada, o futuro da franquia Forza Motorsport está em xeque. Apesar do sucesso crítico da edição de 2023, o jogo ainda dependia de atualizações e novos conteúdos planejados para manter o engajamento da comunidade.

Com a equipe reduzida, é razoável prever:
- Atrasos em futuras atualizações
- Cancelamento ou adiamento de DLCs e eventos sazonais
- Redução no suporte a eSports e competições oficiais
- Impacto direto no desenvolvimento de uma eventual sequência
Além disso, paira no ar a possibilidade de fusão com a Playground Games, desenvolvedora da série Forza Horizon. Essa reestruturação pode ser uma forma de “salvar” a franquia dentro da Microsoft, mas levanta dúvidas sobre a perda de identidade e foco no realismo, marca registrada da Turn 10.
A reação da comunidade e da indústria
A comunidade de jogadores reagiu com tristeza, indignação e frustração nas redes sociais e fóruns especializados como Reddit e ResetEra. Muitos destacaram o absurdo de demitir estúdios produtivos e bem avaliados, especialmente quando há tantos investimentos em aquisições e projetos ainda indefinidos.

Desenvolvedores e ex-funcionários da Turn 10 também se manifestaram, lamentando o corte repentino, a falta de comunicação interna e o fim de projetos em andamento que sequer foram revelados ao público.
Figuras conhecidas da indústria, como Jez Corden (Windows Central) e Jason Schreier (Bloomberg), também criticaram a decisão da Microsoft, destacando o contraste entre os cortes e os lucros recordes da empresa.
Xbox vive um momento de crise criativa?
A sucessão de más notícias levanta uma pergunta inevitável: a marca Xbox está em crise?
Com tantos cancelamentos, demissões e uma identidade cada vez mais diluída, a divisão de games da Microsoft parece perdida entre maximizar lucros e manter sua relevância criativa.

Apesar da força do Xbox Game Pass e de grandes aquisições, como Bethesda e Activision, o número de lançamentos exclusivos relevantes nos últimos anos tem sido surpreendentemente baixo.
Franquias clássicas estão estagnadas (Halo Infinite, Gears 5), novas IPs são canceladas (Everwild, Perfect Dark) e a confiança da comunidade está no nível mais baixo desde a era do Xbox One.


Um alerta para toda a indústria
As demissões na Turn 10 Studios não são apenas um problema interno da Microsoft — são um reflexo de uma tendência preocupante em toda a indústria de jogos.
Mesmo estúdios com desempenho sólido e com IPs estabelecidas não estão imunes a cortes, o que gera um ambiente de insegurança constante para desenvolvedores.

Essa instabilidade pode ter efeitos colaterais graves:
- Fuga de talentos para estúdios independentes ou rivais
- Aumento de burnout e perda de criatividade
- Risco de concentração de mercado em poucas empresas gigantes
Conclusão: O que esperar do futuro de Forza e da Microsoft?
A Turn 10 Studios foi uma das vítimas mais emblemáticas da nova fase da Microsoft. Demitir metade de sua equipe envia uma mensagem clara de que nem mesmo o sucesso protege um estúdio de decisões corporativas frias.

Para os fãs de Forza Motorsport, o momento é de incerteza. O suporte ao jogo de 2023 pode continuar, mas com ritmo mais lento, e o desenvolvimento de um novo título parece improvável a curto prazo.
Já para a marca Xbox, a lição é dura: sem confiança da comunidade, sem jogos de impacto e sem estúdios estáveis, o Game Pass por si só não sustentará o legado da plataforma.
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Se a Microsoft deseja manter sua relevância na indústria, precisará reavaliar suas estratégias, valorizar os criadores de jogos e, principalmente, **resgatar a confiança de quem sempre esteve ao seu lado: os jogadores.
fonte IGN Brasil