Na última quarta-feira (2), a indústria dos games foi pega de surpresa por mais uma rodada de demissões na Microsoft — desta vez, atingindo diretamente a ZeniMax Online Studios, responsável pelo bem-sucedido The Elder Scrolls Online. Em meio às baixas, o cancelamento de um ambicioso MMORPG em desenvolvimento desde 2018 — conhecido internamente como “Blackbird” — gerou revolta e confusão, especialmente após revelações de que Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, era um grande fã do projeto.

Um MMO promissor que encantou até o chefão do Xbox
Segundo fontes próximas ao estúdio, o MMO Blackbird já contava com uma demo funcional e foi apresentado à liderança do Xbox em março de 2025. O feedback foi extremamente positivo, com Phil Spencer demonstrando tanto entusiasmo que precisou ser convencido pelos colegas a parar de jogá-lo.

Isso por si só já destacava o potencial do projeto, que apostava em uma ambientação futurista inspirada em obras como Blade Runner, combinando tiroteios em terceira pessoa, mecânicas de exploração vertical, e habilidades como pulo duplo, dash aéreo e gancho de movimentação.
A promessa era clara: entregar uma experiência dinâmica, profunda e visualmente impactante, que pudesse renovar o catálogo de MMOs do Xbox e conquistar uma nova base de jogadores até seu lançamento, previsto para 2028.
ZeniMax Online: um estúdio de peso com histórico de sucesso
Criado em 2007, o estúdio ZeniMax Online Studios tem um histórico sólido com o gênero MMO, sendo o responsável direto pelo sucesso contínuo de The Elder Scrolls Online. O jogo, lançado originalmente em 2014, continua ativo, lucrativo e recebe atualizações regulares até hoje — algo raro em um mercado onde muitos MMOs desaparecem após poucos anos.

Com esse retrospecto, o investimento da Microsoft em Blackbird parecia seguro. O estúdio chegou a contar com cerca de 300 pessoas dedicadas exclusivamente ao novo projeto, tornando o seu cancelamento ainda mais chocante para a equipe e para o público.
Demissões, cortes e silêncio: o caos nos bastidores
O que começou como rumores foi confirmado em uma reunião interna: o projeto Blackbird foi oficialmente cancelado. As contas do produtor-executivo e do diretor criativo foram bloqueadas, e pouco depois os demais desenvolvedores foram convocados para uma reunião abrupta que selou o destino do jogo e de grande parte da equipe.

Segundo apuração da Bloomberg, o cancelamento não foi motivado por problemas técnicos ou de desenvolvimento. Pelo contrário, o jogo evoluía bem e era tratado com otimismo. Isso torna a decisão da Microsoft ainda mais controversa, uma vez que os cortes parecem ter sido estratégicos e financeiros, mirando projetos com orçamentos altos — mesmo que promissores.
Sindicato e limbo: o futuro incerto dos desenvolvedores
Como o estúdio ZeniMax Online se sindicalizou, a Microsoft não pode demitir oficialmente os funcionários sem uma negociação com os representantes legais. Com isso, muitos desenvolvedores encontram-se em um “limbo contratual”: não estão mais trabalhando no MMO cancelado, mas seguem recebendo salários enquanto aguardam definição jurídica.

A única exceção foram os profissionais do setor de testes, que já tinham um acordo trabalhista anterior e receberam seus pacotes de desligamento antecipadamente.
Essa situação atípica e caótica escancarou a instabilidade crescente nos bastidores da divisão Xbox, que já vinha sendo criticada pela onda de demissões que afetou outros estúdios como Arkane Austin, Tango Gameworks e agora, a Turn 10 Studios.
O silêncio que gerou revolta: saída de Matt Firor
Um dos momentos mais simbólicos da crise foi a demissão imediata de Matt Firor, fundador da ZeniMax Online e um dos principais nomes por trás de The Elder Scrolls Online e Blackbird. Ele teria pedido desligamento assim que o cancelamento foi oficializado, incomodado com a falta de explicações da liderança da Microsoft e do Xbox sobre a decisão.
A ausência de transparência gerou revolta interna. Muitos desenvolvedores relataram que, após sete anos de trabalho, viram todo o esforço jogado fora sem qualquer justificativa clara — um duro golpe para profissionais que haviam investido quase uma década em uma promessa de longo prazo.
Blackbird: uma perda criativa em tempos de crise
Além da dor para os profissionais envolvidos, o cancelamento de Blackbird também representa uma perda para a comunidade gamer, especialmente para os fãs de MMOs que esperavam por novas experiências com qualidade AAA.

O mercado de MMOs em consoles ainda é pouco explorado, e Blackbird poderia preencher uma lacuna entre experiências massivas, com foco em ação, exploração e progressão contínua. Em tempos onde jogos como Destiny 2 e Final Fantasy XIV continuam firmes, uma nova aposta como essa — ainda mais com o selo da ZeniMax — poderia mudar o cenário.
Microsoft segue com estratégia de cortes agressivos
O cancelamento de Blackbird faz parte de uma reestruturação ampla da Microsoft, que já havia anunciado o corte de 4% de sua força de trabalho global. A decisão segue um padrão preocupante: projetos em andamento, com grandes investimentos e até mesmo apoio da liderança interna, não estão imunes aos cortes.

Esse tipo de movimento levanta dúvidas sobre a consistência da estratégia da Microsoft para o Xbox nos próximos anos. Afinal, como confiar em novas IPs e experiências se nem mesmo um projeto elogiado por Phil Spencer está seguro?
Conclusão: uma decisão que deixou feridas
O cancelamento de Blackbird expôs mais do que problemas financeiros: revelou uma desconexão entre a paixão criativa dos estúdios e as decisões corporativas da Microsoft. Quando nem mesmo um MMO promissor, em estágio avançado, elogiado pelo próprio Phil Spencer, consegue sobreviver ao machado corporativo, o futuro da inovação dentro do ecossistema Xbox se torna incerto.
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Para os fãs, resta torcer para que as ideias por trás de Blackbird não se percam totalmente. E para a Microsoft, fica o desafio de reconquistar a confiança de desenvolvedores e jogadores — algo que está ficando cada vez mais difícil.
Fonte: Bloomberg