Editor de Dragon Ball critica indústria atual de mangás

Kazuhiko Torishima, ex-editor de Dragon Ball, critica a indústria atual e afirma que os mangás modernos perderam identidade, parecendo “fast food” pela falta de originalidade e foco em leitores jovens.

Mangás atuais são como fast food?

Durante a Anime Expo 2025, Kazuhiko Torishima — lendário editor responsável por sucessos como Dragon Ball e Dr. Slump — deixou claro seu descontentamento com o rumo da indústria de mangás. Segundo ele, as obras recentes perderam sua identidade artística, tornando-se “iguais” e previsíveis, resultado direto do consumo digital e das tendências de mercado que priorizam o algoritmo em vez da criatividade.

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“Todos os mangás modernos têm a mesma aparência e o mesmo sabor — mangá Starbucks ou mangá McDonald’s.”

Essa crítica de Torishima levanta um importante debate sobre a padronização das obras e como isso afeta o público, principalmente o jovem leitor.

O impacto do digital na perda de leitores jovens.Para Torishima, um dos principais fatores que afastam as crianças dos mangás é a migração para o digital. Com o declínio das tradicionais revistas impressas como a Shonen Jump, o acesso ao conteúdo ficou restrito. Crianças, que antes folheavam revistas semanais, agora têm dificuldade em consumir os mangás online — seja pela falta de dispositivos ou pela necessidade de pagamento via cartão.

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Ele ainda destaca que muitas editoras deixaram de criar obras pensando no público infantil, tornando o cenário ainda mais preocupante para o futuro da indústria.

Falta de editores preparados prejudica qualidade das obras.Outro ponto central da crítica de Torishima é sobre o papel dos editores. Para ele, o problema não está apenas nas histórias, mas na forma como são editadas. O ex-CEO da Shueisha acredita que muitos editores atuais não sabem como organizar a narrativa visualmente, prejudicando o entendimento dos painéis — o que afasta novos leitores.

“A diagramação dos painéis não é boa, é difícil de ler. Não é culpa do mangaká, mas sim dos editores.”

Torishima reforça que editores deveriam ter um repertório cultural mais amplo, indo além dos próprios mangás, consumindo também cinema, literatura e outras mídias.

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A perda da “alma” dos mangás modernos.A crítica ao chamado “mangá McDonald’s” não é apenas sobre estilo visual ou formato de publicação. Torishima acredita que a indústria está sofrendo uma crise criativa, onde o foco excessivo em tendências e fórmulas repetitivas deixa de lado a busca por narrativas únicas e memoráveis.

Essa “fast foodização” dos mangás seria, para ele, um reflexo direto da dependência do digital e do medo das editoras em arriscar.

O papel das revistas na formação de novos leitores.Antigamente, revistas como a Weekly Shonen Jump serviam como porta de entrada para jovens leitores, sendo essenciais para o sucesso de franquias como Dragon Ball e One Piece. Hoje, com o declínio do formato impresso, as editoras perdem a chance de conquistar as novas gerações, deixando um vazio que o mercado digital não preenche.

Além disso, a falta de atenção à diagramação e fluidez das histórias agrava a situação, tornando os mangás menos acessíveis para quem está começando a ler.

Se a indústria de mangás não investir em editoras mais capacitadas, formatos acessíveis para o público jovem e narrativas originais, o futuro pode ser preocupante. As palavras de Torishima servem como um alerta: ou a criatividade e o espírito inovador voltam a ser prioridade, ou o mercado de mangás corre o risco de cair na mesmice definitiva.

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fonte IGN


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