Death Stranding 2 vs. Clair Obscur: Uma Análise Profunda

Death Stranding 2 e Clair Obscur: Expedition 33 representam abordagens distintas no universo dos videogames, com o primeiro explorando uma narrativa pós-apocalíptica de conexão e entrega em um mundo aberto, enquanto o segundo mergulha em um RPG de ação baseado em turnos com elementos em tempo real, ambientado em uma fantasia sombria inspirada na Belle Époque. Ambos prometem experiências ricas e imersivas, mas diferem fundamentalmente em seus gêneros, mecânicas de jogo e estéticas visuais.

Dois Mundos, Duas Visões

No cenário em constante evolução dos videogames, a inovação e a diversidade de experiências são pilares que impulsionam a indústria. Em 2025, dois títulos em particular capturam a atenção dos entusiastas: Death Stranding 2: On the Beach e Clair Obscur: Expedition 33. Embora ambos sejam aguardados com grande expectativa, eles se posicionam em extremos opostos do espectro de design de jogos, oferecendo narrativas, mecânicas e estéticas que refletem as visões únicas de seus criadores.

Este artigo se aprofundará em uma análise comparativa desses dois colossos, explorando suas premissas, jogabilidade, enredos e o impacto que cada um busca deixar no panorama dos jogos eletrônicos. A jornada de Sam Porter Bridges em um mundo pós-apocalíptico e a expedição dos protagonistas de Clair Obscur em uma fantasia sombria da Belle Époque prometem experiências imersivas, mas a forma como essas imersões são construídas difere drasticamente, convidando a uma reflexão sobre a amplitude criativa que o meio oferece.

Death Stranding 2: On the Beach – A Evolução da Conexão

Death Stranding 2: On the Beach, a aguardada sequência do aclamado título de Hideo Kojima, mergulha os jogadores novamente em um mundo pós-apocalíptico, onde a conexão e a entrega são mais do que meras mecânicas de jogo; são a essência da sobrevivência e da esperança. Lançado em 26 de junho de 2025, o jogo, desenvolvido pela Kojima Productions e publicado pela Sony Interactive Entertainment, mantém a sua identidade de ação-aventura em terceira pessoa, mas expande significativamente seus horizontes, tanto geográficos quanto narrativos. A premissa central, que antes se concentrava em reconectar os Estados Unidos da América, agora se estende para além de suas fronteiras, levando Sam Porter Bridges a uma jornada épica pela Austrália e México.

O enredo de Death Stranding 2 é uma continuação direta e emocionalmente carregada do primeiro jogo. Onze meses após os eventos de Death Stranding, Sam Porter Bridges, que buscava uma vida tranquila com sua filha adotiva Lou, é lançado de volta ao caos. A morte de Lou, um evento traumático orquestrado por um grupo armado desconhecido, serve como catalisador para a nova missão de Sam.

Fragile, uma figura central do jogo anterior, emerge com uma nova empresa, Drawbridge, e um contrato com a UCA para expandir a rede quiral para o México. Esta expansão, no entanto, revela uma anomalia: um “portão de placa” que liga o México à Austrália, um continente agora infestado por criaturas sobrenaturais e ameaças ainda mais complexas.

A narrativa de Kojima, conhecida por sua profundidade e simbolismo, foi inclusive retrabalhada para incorporar os efeitos da pandemia de COVID-19, adicionando uma camada de ressonância com a realidade global e aprofundando a temática da conexão humana em tempos de isolamento e adversidade. A busca por Lou, que retorna como uma entidade BT, adiciona uma dimensão pessoal e desesperadora à já grandiosa missão de Sam de salvar a humanidade da extinção, conectando sobreviventes isolados à rede quiral em um mundo cada vez mais fragmentado e perigoso.

A jogabilidade em Death Stranding 2 mantém a essência de seu predecessor, focando na travessia de vastos e desafiadores terrenos para entregar pacotes, mas com notáveis evoluções. O mundo aberto, agora abrangendo as paisagens diversas do México e da Austrália, é ainda mais dinâmico, com desastres naturais como terremotos e tempestades de areia alterando constantemente o ambiente e forçando os jogadores a adaptar suas rotas. A gestão do peso da carga e a navegação estratégica continuam sendo elementos cruciais, mas a introdução de veículos personalizáveis desde o início do jogo, com opções de baterias adicionais e até torres de armas, oferece novas abordagens para a locomoção e o combate.

A grande inovação, no entanto, reside na ênfase aprimorada no combate. Diferente do primeiro jogo, onde o confronto direto era muitas vezes secundário, On the Beach oferece aos jogadores a liberdade de escolher entre combate direto, táticas furtivas ou a evasão completa de inimigos. Sam tem acesso a um arsenal expandido de ferramentas e gadgets, e o ciclo dinâmico de dia e noite influencia o comportamento dos inimigos, adicionando uma camada tática às interações. O Sistema de Assistente de Porteiro Automatizado (APAS) funciona como uma árvore de habilidades ramificada, permitindo que os jogadores aprimorem as capacidades de Sam em áreas como entrega, combate, furtividade e serviço, adaptando-se ao estilo de jogo individual.

Além disso, a reconstrução de infraestruturas, como estradas e pontes, e a eventual construção de um sistema de monotrilho para transporte em massa, reforçam o tema central de conexão e cooperação, incentivando os jogadores a contribuir para a reconstrução do mundo e a facilitar a vida de outros porters, mesmo que de forma assíncrona. Esta combinação de exploração, combate tático e construção de infraestrutura promete uma experiência de jogo mais rica e engajadora, expandindo o legado de seu antecessor e solidificando a visão única de Hideo Kojima para o futuro dos videogames.

Clair Obscur: Expedition 33 – A Fantasia Sombría da Belle Époque

Em contraste com a ficção científica pós-apocalíptica de Death Stranding 2, Clair Obscur: Expedition 33 transporta os jogadores para um universo de fantasia sombria, ricamente inspirado na estética e na atmosfera da Belle Époque francesa. Lançado em 24 de abril de 2025 para Microsoft Windows, Xbox Series X/S e PlayStation 5, este RPG de ação desenvolvido pela Sandfall Interactive e publicado pela Kepler Interactive promete uma experiência visualmente deslumbrante e narrativamente envolvente, com uma abordagem inovadora ao combate baseado em turnos.

O enredo de Clair Obscur é tão intrigante quanto sua ambientação. Os protagonistas, um grupo diversificado de personagens que inclui Gustave, Maelle, Lune, Sciel, Renoir, Verso, Monoco e Esquie, embarcam em uma missão desesperada para deter a Pintora. Esta figura enigmática possui poderes divinos aterrorizantes: ela pode matar qualquer pessoa de uma determinada idade simplesmente desenhando-a no céu. Esta premissa estabelece um senso de urgência e um tom melancólico, característico da fantasia sombria. A narrativa se desenrola em um mundo onde a beleza da Belle Époque se mistura com elementos de horror e mistério, criando uma atmosfera única e cativante.

A busca para parar a Pintora não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também uma exploração dos temas de destino, sacrifício e a luta contra uma força aparentemente invencível. A profundidade dos personagens e suas interações, juntamente com a rica mitologia do mundo, são elementos cruciais que prometem prender a atenção dos jogadores, convidando-os a desvendar os segredos por trás dos poderes da Pintora e o destino de seu mundo.

A jogabilidade de Clair Obscur: Expedition 33 é uma fusão engenhosa de mecânicas de RPG baseado em turnos com elementos em tempo real, um conceito que a Sandfall Interactive buscou aprimorar para oferecer uma experiência de combate mais dinâmica e imersiva. Inspirado em clássicos JRPGs como Final Fantasy e Persona, o jogo permite que os jogadores executem ações baseadas em tempo, tanto no ataque quanto na defesa, exigindo reflexos e estratégia.

A capacidade de evitar ou aparar todos os ataques inimigos adiciona uma camada de habilidade e recompensa a precisão, transformando cada confronto em um desafio envolvente. O desenvolvimento do jogo, que começou no Unreal Engine 4 e migrou para o Unreal Engine 5, demonstra o compromisso da equipe em entregar gráficos de alta fidelidade e animações fluidas, que complementam a atmosfera artística do jogo.

A equipe de cerca de 30 pessoas, liderada pelo CEO e diretor criativo Guillaume Broche, tinha como objetivo criar um RPG baseado em turnos de qualidade AAA, um gênero que, segundo ele, tem sido negligenciado por grandes estúdios. Essa dedicação à inovação dentro de um gênero tradicional, combinada com a atenção aos detalhes visuais e a uma narrativa rica, posiciona Clair Obscur: Expedition 33 como um título promissor que busca redefinir as expectativas para os RPGs baseados em turnos, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e surpreendentemente nova.

Confronto de Paradigmas: DS2 vs. Clair Obscur

A comparação entre Death Stranding 2: On the Beach e Clair Obscur: Expedition 33 revela não apenas as diferenças inerentes aos seus gêneros, mas também as filosofias de design que os moldam. Enquanto Death Stranding 2 se aprofunda na evolução de um gênero que ele próprio ajudou a definir – o “strand game” – Clair Obscur busca revitalizar o RPG baseado em turnos com inovações em tempo real. Essa dicotomia fundamental é o cerne da análise comparativa, destacando como cada título aborda a imersão, o desafio e a interação do jogador.

No que tange à narrativa e ambientação, Death Stranding 2 continua a explorar temas complexos de conexão, isolamento e a resiliência humana em um cenário pós-apocalíptico de ficção científica. A vastidão dos cenários, a ameaça constante das BTs e a urgência de reconstruir uma sociedade fragmentada criam uma atmosfera de melancolia e esperança. A história de Sam, profundamente pessoal e ligada à sua filha Lou, adiciona uma camada emocional que ressoa com a experiência humana de perda e superação. Por outro lado, Clair Obscur opta por uma fantasia sombria inspirada na Belle Époque, um período de grande efervescência cultural e artística, mas que aqui é tingido por uma ameaça existencial.

A Pintora, com seus poderes divinos de ceifar vidas, introduz um elemento de terror e urgência diferente, mais focado na luta contra uma força sobrenatural e na exploração de um mundo visualmente deslumbrante, mas perigoso. A estética de Clair Obscur, com sua inspiração artística e personagens carismáticos, contrasta fortemente com o realismo sombrio e muitas vezes desolador de Death Stranding 2.

A jogabilidade é onde as diferenças se tornam mais evidentes. Death Stranding 2 aprimora suas mecânicas de travessia e entrega, tornando-as mais fluidas e dinâmicas com a introdução de novos veículos e aprimoramentos. A ênfase no combate, que era um aspecto secundário no primeiro jogo, agora ganha destaque, oferecendo aos jogadores mais opções para enfrentar as ameaças do mundo.

A liberdade de escolha entre combate direto, furtividade ou evasão, juntamente com um arsenal expandido, sugere uma experiência mais orientada para a ação, sem perder a profundidade estratégica da gestão de recursos e da construção de infraestrutura. Em contrapartida, Clair Obscur se destaca por sua abordagem inovadora ao combate baseado em turnos. A inclusão de elementos em tempo real, como eventos de tempo rápido e a capacidade de aparar ou evitar ataques, transforma o que poderia ser um sistema estático em algo dinâmico e envolvente.

Essa mecânica exige não apenas estratégia, mas também reflexos e precisão, elevando o nível de engajamento do jogador. A inspiração em JRPGs clássicos é evidente, mas a Sandfall Interactive buscou ir além, criando um sistema que é ao mesmo tempo familiar e refrescante. Enquanto Death Stranding 2 foca na jornada e na superação de obstáculos ambientais e inimigos de forma mais orgânica, Clair Obscur concentra-se na maestria do combate tático e na exploração de um sistema de batalha complexo e recompensador.

Ambos os jogos também se diferenciam na forma como abordam a progressão do jogador e a imersão. Em Death Stranding 2, a progressão é orgânica, com as habilidades de Sam melhorando à medida que ele realiza suas tarefas de entrega e combate. A construção de infraestrutura e a conexão com outros jogadores (mesmo que de forma assíncrona) reforçam o senso de comunidade e propósito. A imersão é construída através da solidão da jornada, da beleza desoladora dos cenários e da profundidade da narrativa.

Clair Obscur, por sua vez, oferece uma progressão mais tradicional de RPG, com árvores de habilidades, equipamentos e aprimoramentos de personagens. A imersão é alcançada através da riqueza do mundo, da profundidade dos personagens e da complexidade do sistema de combate. A escolha de um estilo de arte inspirado na Belle Époque, com seus detalhes e atmosfera, contribui para uma experiência visualmente rica e única.

Em última análise, a escolha entre Death Stranding 2 e Clair Obscur dependerá das preferências individuais do jogador: a busca por uma experiência narrativa profunda e contemplativa com elementos de ação e exploração em um mundo aberto, ou a imersão em um RPG tático com um sistema de combate inovador e uma estética artística marcante. Ambos os títulos, no entanto, prometem elevar o padrão de seus respectivos gêneros, oferecendo experiências memoráveis e desafiadoras.

A Profundidade Narrativa de Death Stranding 2: Além da Simples Entrega

O enredo de Death Stranding 2: On the Beach não é apenas uma continuação, mas uma expansão filosófica e emocional do universo criado por Hideo Kojima. A decisão de Sam Porter Bridges de se isolar após os eventos do primeiro jogo, buscando uma vida pacífica com Lou, é abruptamente interrompida pela tragédia. A morte de Lou não é apenas um gatilho para a nova jornada de Sam, mas um ponto de inflexão que aprofunda a temática da perda e da busca por significado em um mundo desolado.

A introdução da empresa Drawbridge, liderada por Fragile, e a expansão da rede quiral para o México e, posteriormente, para a Austrália, não são meras conveniências narrativas. Elas representam a contínua luta da humanidade para se reconectar e resistir à extinção, mesmo diante de adversidades crescentes. A revelação de que Lou retorna como uma entidade BT adiciona uma camada de mistério e desespero, forçando Sam a confrontar a natureza da vida e da morte no contexto do Death Stranding.

A genialidade de Kojima reside em tecer esses elementos pessoais com a macro-narrativa da sobrevivência global, criando uma tapeçaria complexa de emoções e desafios. A influência da pandemia de COVID-19 na reescrita do roteiro é palpável, adicionando uma ressonância contemporânea à narrativa. A experiência de isolamento, a necessidade de conexão e a fragilidade da existência humana, que foram vivenciadas globalmente, encontram um espelho no mundo de Death Stranding 2. Isso não só torna a história mais relevante, mas também mais impactante, convidando os jogadores a refletir sobre suas próprias experiências e a importância dos laços humanos.

A jornada de Sam pela Austrália, um continente vasto e inóspito, infestado por “ghost mechs” e desastres naturais, simboliza a luta incessante contra as forças da natureza e do sobrenatural. A busca por Lou, a tentativa de entender a anomalia do “portão de placa” e a luta para estender a rede quiral são todas facetas de uma narrativa que transcende o simples jogo, tornando-se uma meditação sobre a condição humana em um futuro distópico.

A Evolução da Jogabilidade: Combate, Exploração e Construção em DS2

A jogabilidade de Death Stranding 2: On the Beach é uma evolução natural das mecânicas estabelecidas no primeiro título, com um foco renovado na diversidade e na liberdade do jogador. A essência da entrega de pacotes permanece, mas a forma como essa entrega é realizada foi significativamente aprimorada. A introdução de veículos personalizáveis desde o início do jogo, como motos e caminhões, com a possibilidade de adicionar baterias extras e até mesmo torres de armas, transforma a experiência de travessia. Isso permite que os jogadores abordem os desafios de locomoção de maneiras mais eficientes e estratégicas, adaptando seus veículos às condições do terreno e às ameaças inimigas.

A dinâmica do mundo aberto, com seus desastres naturais imprevisíveis, como terremotos e tempestades de areia, força os jogadores a serem adaptáveis e a planejar suas rotas com antecedência. A reconstrução de infraestruturas, um elemento cooperativo assíncrono do primeiro jogo, é expandida, permitindo a construção de estradas, pontes e até mesmo um sistema de monotrilho. Essa mecânica não só facilita a própria jornada do jogador, mas também contribui para a experiência de outros jogadores, reforçando o tema da conexão e da cooperação global.

O aspecto mais notável da evolução da jogabilidade em Death Stranding 2 é, sem dúvida, o combate. Enquanto o primeiro jogo era mais focado na evasão e na furtividade, On the Beach oferece uma experiência de combate mais robusta e gratificante. Sam tem acesso a um arsenal expandido de armas e gadgets, permitindo que os jogadores escolham entre confrontos diretos, táticas furtivas ou a completa evasão. O ciclo dinâmico de dia e noite, que afeta o comportamento dos inimigos, adiciona uma camada tática às interações, incentivando os jogadores a planejar seus movimentos com base no ambiente e na hora do dia.

O Sistema de Assistente de Porteiro Automatizado (APAS), que funciona como uma árvore de habilidades, permite que os jogadores personalizem as habilidades de Sam em áreas como entrega, combate, furtividade e serviço. Isso garante que cada jogador possa adaptar a experiência às suas preferências, seja focando na eficiência da entrega, na maestria do combate ou na exploração furtiva. A combinação desses elementos cria uma experiência de jogo mais rica e variada, que recompensa tanto a estratégia quanto a habilidade, e que mantém a essência única de Death Stranding enquanto expande suas possibilidades.

A inclusão de novos tipos de inimigos, como os “ghost mechs” na Austrália, e a evolução das BTs, que agora possuem a capacidade de ver, aumentam o desafio e a tensão dos encontros, exigindo que os jogadores dominem todas as ferramentas à sua disposição para sobreviver e progredir. A profundidade da jogabilidade, aliada à complexidade narrativa, promete uma experiência verdadeiramente imersiva e memorável para os fãs da série e para os novos jogadores.

A Intriga Narrativa de Clair Obscur: Uma Belle Époque Sombria

O enredo de Clair Obscur: Expedition 33 é uma tapeçaria rica em mistério e fantasia sombria, tecida em um cenário que evoca a beleza e a melancolia da Belle Époque francesa. A premissa central, que gira em torno da ameaça da Pintora, é ao mesmo tempo poética e aterrorizante. A ideia de uma entidade divina capaz de ceifar vidas simplesmente desenhando-as no céu é uma metáfora poderosa para a inevitabilidade da morte e a fragilidade da existência humana.

Os protagonistas, um grupo eclético de indivíduos com suas próprias histórias e motivações, são compelidos a se unir para enfrentar essa ameaça existencial. Cada personagem, desde o carismático Gustave até a enigmática Lune, contribui para a riqueza narrativa, adicionando camadas de complexidade e profundidade à trama. A jornada deles não é apenas uma busca para derrotar um inimigo, mas também uma exploração de seus próprios medos, esperanças e a natureza de seu mundo. A Sandfall Interactive, ao escolher a Belle Époque como pano de fundo, não apenas oferece um visual deslumbrante, mas também infunde a narrativa com a atmosfera

de um período de grande otimismo e progresso, que é subvertido pela presença da Pintora. Essa justaposição entre a beleza e a escuridão cria uma tensão constante, mantendo os jogadores engajados e curiosos sobre os segredos que o mundo de Clair Obscur guarda. A exploração de temas como destino, livre-arbítrio e a luta contra forças cósmicas adiciona uma dimensão filosófica à narrativa, elevando-a além de um simples conto de fantasia. A forma como a história se desenrola, com reviravoltas e revelações, promete manter os jogadores na ponta de seus assentos, ansiosos para descobrir o desfecho da expedição e o destino de seus heróis.

A Inovação da Jogabilidade: RPG Tático com Elementos em Tempo Real

A jogabilidade de Clair Obscur: Expedition 33 é o ponto onde o jogo realmente se destaca, oferecendo uma abordagem inovadora ao gênero de RPG baseado em turnos. A Sandfall Interactive não se contentou em seguir as convenções, mas buscou infundir o combate com elementos em tempo real que exigem mais do que apenas estratégia. A capacidade de executar eventos de tempo rápido (QTEs) e de aparar ou evitar ataques inimigos em tempo real adiciona uma camada de ação e habilidade que é rara em RPGs por turnos. Isso significa que os jogadores não podem simplesmente confiar em suas estatísticas ou na ordem de seus ataques; eles precisam estar atentos e reagir rapidamente aos movimentos dos inimigos.

Essa mecânica transforma cada batalha em um desafio dinâmico e envolvente, onde a precisão e o timing são tão importantes quanto a estratégia. A inspiração em JRPGs clássicos como Final Fantasy e Persona é evidente na profundidade do sistema de combate e na progressão dos personagens, mas Clair Obscur vai além, criando sua própria identidade. O sistema de progressão permite que os jogadores personalizem seus personagens com uma variedade de habilidades, equipamentos e magias, adaptando-os ao seu estilo de jogo preferido.

A utilização do Unreal Engine 5 para o desenvolvimento do jogo é um testemunho do compromisso da Sandfall Interactive com a qualidade visual e a imersão. Os gráficos de alta fidelidade e as animações fluidas dão vida ao mundo da Belle Époque sombria, tornando cada cenário e cada personagem visualmente impressionantes. A equipe de desenvolvimento, embora menor em comparação com os grandes estúdios AAA, demonstrou uma dedicação notável em criar um RPG baseado em turnos que não apenas compete com os títulos maiores, mas também inova em suas mecânicas.

Essa combinação de uma narrativa intrigante, uma estética visual deslumbrante e uma jogabilidade inovadora posiciona Clair Obscur: Expedition 33 como um título promissor que pode redefinir as expectativas para o gênero de RPG, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo desafiadora e profundamente recompensadora. A complexidade dos inimigos, a variedade de habilidades e a necessidade de dominar o sistema de combate em tempo real garantem que cada encontro seja único e que os jogadores sejam constantemente desafiados a aprimorar suas táticas e reflexos.

Análise Comparativa: Enredo e Ambientação – Conexão vs. Confronto Existencial

Ao aprofundarmos na comparação entre Death Stranding 2 e Clair Obscur, a distinção mais marcante reside na forma como cada jogo constrói seu universo e a narrativa que o permeia. Death Stranding 2 herda e expande a visão de Hideo Kojima de um mundo pós-apocalíptico onde a humanidade, fragmentada e isolada, busca desesperadamente a reconexão. A ambientação, que agora se estende para além das paisagens familiares da América do Norte para incluir a Austrália e o México, mantém a estética de realismo sombrio e desolador.

Cada paisagem, seja ela um deserto árido ou uma floresta densa, é impregnada de uma sensação de solidão e perigo, refletindo a luta contínua contra as BTs, os MULEs e os caprichos do tempo chuvoso. A narrativa, impulsionada pela perda pessoal de Sam e pela urgência de uma nova missão global, é uma exploração profunda da condição humana, da resiliência e da importância dos laços sociais. A influência da pandemia na revisão do roteiro adiciona uma camada de autenticidade e relevância, transformando a ficção em um espelho das experiências coletivas de isolamento e a necessidade de solidariedade.

A complexidade dos personagens, suas motivações e seus arcos de desenvolvimento são tecidos em uma trama que desafia as convenções, convidando os jogadores a uma reflexão filosófica sobre a vida, a morte e o propósito da existência. A busca por Lou, que se manifesta como uma entidade BT, é um elemento narrativo que transcende a simples busca por um objetivo, tornando-se uma jornada de aceitação e redenção em um mundo onde as fronteiras entre a vida e a morte são tênues.

Em contrapartida, Clair Obscur: Expedition 33 oferece uma fuga para um reino de fantasia sombria, onde a beleza da Belle Époque é corrompida por uma ameaça sobrenatural. A ambientação é rica em detalhes artísticos, com cenários que parecem saídos de pinturas clássicas, mas que escondem perigos e mistérios.

A narrativa é mais direta em sua premissa – deter a Pintora – mas se aprofunda na exploração dos personagens e de suas interações. Cada membro da expedição traz consigo uma história, um conjunto de habilidades e uma personalidade que contribuem para a dinâmica do grupo.A ameaça da Pintora, com sua capacidade de ceifar vidas através da arte, é uma metáfora para a fragilidade da vida e a inevitabilidade do destino, mas também para o poder da criação e da destruição.

O jogo explora temas de sacrifício, esperança e a luta contra o que parece ser uma força cósmica. A escolha da Belle Époque como pano de fundo não é apenas estética; ela serve para contrastar a beleza e o otimismo da época com a escuridão da ameaça, criando uma atmosfera de tensão e melancolia. A narrativa de Clair Obscur é uma jornada de autodescoberta e de união contra uma força maior, onde a força dos laços entre os personagens é tão importante quanto suas habilidades de combate.

A forma como o jogo tece elementos de mistério, horror e fantasia em uma trama coesa é um testemunho da habilidade da Sandfall Interactive em criar um mundo que é ao mesmo tempo familiar e estranhamente perturbador. A exploração de temas como a natureza da arte, a moralidade e a busca por significado em um mundo à beira do abismo adiciona uma profundidade que transcende o gênero de RPG, tornando a experiência de Clair Obscur uma imersão em um universo rico em simbolismo e emoção.

Análise Comparativa: Jogabilidade e Estética Visual – Ação-Aventura vs. RPG Tático

A jogabilidade e a estética visual são os pilares que definem a experiência do jogador em qualquer título, e em Death Stranding 2 e Clair Obscur, essas características são tão distintas quanto suas narrativas. Death Stranding 2: On the Beach aprimora a fórmula de ação-aventura em mundo aberto que consagrou seu predecessor. A essência da “entrega” permanece, mas é enriquecida por uma série de inovações que tornam a travessia mais dinâmica e o combate mais envolvente. A introdução de veículos personalizáveis, como motocicletas e caminhões, não é apenas uma conveniência, mas uma extensão da estratégia de navegação.

A capacidade de equipar esses veículos com baterias adicionais para maior autonomia ou até mesmo torres de armas para defesa transforma a jornada em uma experiência mais tática. O mundo, com suas mudanças climáticas e geográficas imprevisíveis, exige que o jogador adapte constantemente suas estratégias, seja escolhendo rotas mais seguras ou enfrentando os perigos de frente. O combate, que era um aspecto mais secundário no primeiro jogo, ganha um destaque significativo em On the Beach. Sam agora possui um arsenal expandido de armas letais e não letais, além de gadgets que permitem abordagens variadas – desde o confronto direto e explosivo até a furtividade e a manipulação do ambiente.

A inteligência artificial dos inimigos, incluindo as evoluídas BTs e os novos “ghost mechs” australianos, foi aprimorada, tornando os encontros mais desafiadores e exigindo uma compreensão mais profunda das mecânicas de combate. A estética visual de Death Stranding 2 é um espetáculo à parte. Utilizando a poderosa Decima Engine, o jogo entrega gráficos fotorrealistas que capturam a beleza desoladora de um mundo em ruínas. As paisagens vastas e detalhadas, os efeitos climáticos dinâmicos e a modelagem de personagens incrivelmente detalhada contribuem para uma imersão sem precedentes.

A paleta de cores, predominantemente sombria e melancólica, com tons de cinza, marrom e azul, reflete a atmosfera pós-apocalíptica e a luta pela sobrevivência. A atenção aos detalhes, desde as texturas das rochas até a forma como a chuva interage com o ambiente, é um testemunho do compromisso da Kojima Productions com a fidelidade visual, criando um mundo que é ao mesmo tempo opressor e hipnotizante.

Em contraste, Clair Obscur: Expedition 33 redefine o RPG tático baseado em turnos com uma abordagem inovadora que integra elementos em tempo real. A Sandfall Interactive buscou criar um sistema de combate que fosse ao mesmo tempo estratégico e dinâmico, inspirando-se em clássicos JRPGs, mas adicionando sua própria assinatura. A mecânica de “eventos de tempo rápido” (QTEs) e a capacidade de aparar ou evitar ataques inimigos em tempo real transformam cada turno em um momento de decisão e reflexo.

Isso significa que o sucesso em combate não depende apenas da escolha certa de habilidades ou magias, mas também da execução precisa e do timing perfeito. Essa fusão de turnos e tempo real adiciona uma camada de profundidade e engajamento que é rara no gênero, tornando as batalhas mais emocionantes e menos previsíveis. A progressão dos personagens é robusta, com árvores de habilidades complexas, sistemas de equipamentos e a possibilidade de personalizar o estilo de jogo de cada membro da equipe. A estética visual de Clair Obscur é um deleite para os olhos, com um estilo de arte que remete à Belle Époque francesa, mas com um toque de fantasia sombria.

Os cenários são ricamente detalhados, com arquiteturas grandiosas, jardins exuberantes e paisagens misteriosas, tudo banhado por uma iluminação dramática que acentua a atmosfera melancólica e mágica. A paleta de cores é mais vibrante e variada do que em Death Stranding 2, com tons quentes e frios se misturando para criar uma sensação de beleza e perigo. Os designs dos personagens são igualmente impressionantes, com trajes elaborados e expressões faciais detalhadas que transmitem emoção e personalidade. A utilização do Unreal Engine 5 permitiu à Sandfall Interactive criar um mundo visualmente deslumbrante, com efeitos de luz e sombra que realçam a atmosfera única do jogo.

A combinação de um sistema de combate inovador e uma estética visual cativante posiciona Clair Obscur como um título que não apenas honra suas inspirações, mas também as eleva a um novo patamar, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e surpreendentemente original. A atenção aos detalhes artísticos, desde os designs dos inimigos até os efeitos visuais das habilidades, demonstra o cuidado da equipe em criar um mundo que seja visualmente coerente e imersivo, convidando os jogadores a explorar cada canto e a se maravilhar com sua beleza sombria.

Análise Comparativa: Temas e Impacto Cultural – Reflexões sobre a Condição Humana

Além das diferenças em enredo, jogabilidade e estética, Death Stranding 2 e Clair Obscur também se distinguem pelos temas centrais que exploram e pelo potencial impacto cultural que cada um pode exercer. Death Stranding 2, como seu predecessor, é uma obra que transcende o entretenimento para se tornar uma meditação sobre a condição humana na era moderna. Os temas de conexão, isolamento, resiliência e a fragilidade da civilização são abordados com uma profundidade filosófica que é rara nos videogames. A jornada de Sam Porter Bridges é uma metáfora para a luta da humanidade para superar divisões e reconstruir laços em um mundo fragmentado.

A influência da pandemia de COVID-19 na revisão do roteiro de Kojima é um testemunho da capacidade do jogo de dialogar com as experiências coletivas da vida real. A necessidade de distanciamento social, a dependência da tecnologia para manter conexões e a sensação de vulnerabilidade global são espelhadas no universo de Death Stranding 2, tornando-o uma obra de arte relevante e ressonante. O jogo não apenas entretém, mas também provoca reflexão, convidando os jogadores a considerar a importância da empatia, da cooperação e da perseverança diante da adversidade.

O impacto cultural de Death Stranding original foi significativo, gerando discussões sobre o papel dos videogames como forma de arte e a capacidade de contar histórias complexas. Death Stranding 2, com sua expansão narrativa e aprofundamento temático, tem o potencial de solidificar ainda mais esse legado, influenciando futuras gerações de desenvolvedores e provocando debates sobre o futuro da humanidade e a natureza da conexão em um mundo cada vez mais digitalizado.

Por outro lado, Clair Obscur: Expedition 33 aborda temas de destino, sacrifício e a luta contra forças sobrenaturais com uma sensibilidade que remete à literatura e à arte da Belle Époque. A ameaça da Pintora, que ceifa vidas através de sua arte, pode ser interpretada como uma metáfora para a efemeridade da vida e a inevitabilidade da morte, mas também para o poder transformador da arte – tanto para criar quanto para destruir.

O jogo explora a resiliência do espírito humano diante de uma ameaça existencial, e a importância da união e da esperança em tempos de desespero. A escolha da Belle Époque como pano de fundo não é apenas uma decisão estética, mas também uma forma de explorar os contrastes entre a beleza e a decadência, o otimismo e a melancolia. O impacto cultural de Clair Obscur pode residir em sua capacidade de revitalizar o gênero de RPG baseado em turnos, demonstrando que a inovação ainda é possível dentro de estruturas tradicionais.

Ao infundir elementos em tempo real e uma narrativa rica em simbolismo, o jogo pode inspirar outros desenvolvedores a explorar novas abordagens para a jogabilidade e a contar histórias de maneiras mais artísticas e filosóficas. Além disso, a estética visual única e a ambientação da Belle Époque podem introduzir um novo público a um período histórico e artístico que é frequentemente negligenciado nos videogames. Clair Obscur tem o potencial de ser reconhecido não apenas como um jogo divertido, mas como uma obra de arte que desafia as convenções e expande os limites do que um RPG pode ser, deixando uma marca duradoura na paisagem cultural dos videogames e inspirando uma nova onda de criatividade e experimentação.

Direção Artística e Design de Som em Death Stranding 2: A Imersão Sensorial

A imersão em Death Stranding 2: On the Beach não se limita apenas à sua narrativa complexa e jogabilidade evoluída; ela é profundamente amplificada por sua direção artística meticulosa e um design de som que é, por si só, uma obra de arte. A Kojima Productions, sob a batuta de Hideo Kojima e a direção de arte de Yoji Shinkawa, continua a refinar a estética visual que se tornou uma marca registrada da série.

Cada elemento visual, desde a vastidão desoladora das paisagens australianas e mexicanas até os detalhes intrincados dos equipamentos de Sam e as criaturas sobrenaturais, é concebido com um realismo impressionante. A utilização da Decima Engine permite a criação de ambientes que são ao mesmo tempo grandiosos e opressivos, com uma atenção obsessiva aos detalhes que eleva a experiência visual a um patamar cinematográfico. A iluminação dinâmica, que varia com o ciclo dia-noite e as condições climáticas, desempenha um papel crucial na criação da atmosfera.

A luz do sol filtrando-se através das nuvens, a névoa densa que precede a chuva quiral e os relâmpagos que iluminam o céu noturno contribuem para uma sensação de constante mudança e imprevisibilidade, mantendo o jogador em alerta. Os designs dos personagens, com suas expressões faciais realistas e movimentos fluidos, transmitem uma gama de emoções que aprofundam a conexão do jogador com a história. A atenção aos detalhes se estende aos elementos de interface do usuário (UI) e aos efeitos visuais, que são integrados de forma orgânica ao mundo do jogo, sem quebrar a imersão.

O design de som em Death Stranding 2 é igualmente fundamental para a experiência imersiva. A trilha sonora, composta por Ludvig Forssell e com contribuições de artistas como Woodkid, é uma mistura de paisagens sonoras atmosféricas, melodias melancólicas e faixas eletrônicas que pontuam os momentos de tensão e contemplação. A música não é apenas um acompanhamento; ela é um elemento narrativo que amplifica as emoções e aprofunda a conexão do jogador com o mundo.

Os efeitos sonoros são incrivelmente detalhados e realistas, desde o som da chuva quiral caindo sobre o terreno, o vento uivando através das montanhas, até o barulho dos passos de Sam na neve ou na lama. Cada som é cuidadosamente projetado para fornecer feedback tátil e espacial, permitindo que os jogadores identifiquem a presença de BTs próximas ou a natureza do terreno que estão atravessando. A voz dos personagens, interpretada por um elenco estelar, é entregue com uma nuance e emoção que dão vida aos diálogos e monólogos, tornando cada interação significativa.

A combinação desses elementos visuais e sonoros cria uma sinestesia que transporta o jogador para o mundo de Death Stranding 2, tornando a jornada de Sam não apenas uma experiência de jogo, mas uma imersão sensorial completa. A capacidade de Kojima Productions de criar um universo tão coeso e envolvente através da fusão de arte visual e design de som é um testemunho de sua maestria em contar histórias e construir mundos, solidificando o jogo como uma referência em termos de imersão e qualidade técnica na indústria dos videogames.

Direção Artística e Design de Som em Clair Obscur: A Sinfonia da Belle Époque Sombria

Em Clair Obscur: Expedition 33, a direção artística e o design de som são elementos cruciais que trabalham em uníssono para transportar o jogador para o seu mundo único de fantasia sombria inspirada na Belle Époque. A Sandfall Interactive demonstrou um compromisso notável em criar uma experiência visual e auditiva que é ao mesmo tempo bela e perturbadora. Visualmente, o jogo é um deleite para os olhos, com cenários que parecem pinturas em movimento.

A arquitetura grandiosa, os jardins exuberantes e os interiores detalhados são renderizados com uma paleta de cores rica e vibrante, que contrasta com os elementos sombrios e misteriosos da narrativa. A iluminação desempenha um papel fundamental na criação da atmosfera, com raios de luz filtrando-se através de vitrais ou a luz bruxuleante de velas iluminando corredores escuros, acentuando a dualidade entre o “claro” e o “obscuro” que dá nome ao jogo.

Os designs dos personagens são igualmente impressionantes, com trajes elaborados que refletem a moda da Belle Époque, mas com um toque de fantasia e elementos que sugerem suas habilidades e personalidades. As expressões faciais e a linguagem corporal são meticulosamente animadas, transmitindo uma gama de emoções que aprofundam a conexão do jogador com os protagonistas e antagonistas. A utilização do Unreal Engine 5 permitiu à Sandfall Interactive alcançar um nível de detalhe e fidelidade visual que eleva o jogo a um patamar cinematográfico, com texturas realistas, efeitos de partículas impressionantes e ambientes que são verdadeiramente imersivos.

O design de som em Clair Obscur é uma sinfonia cuidadosamente orquestrada que complementa perfeitamente a direção artística. A trilha sonora, composta por Lorien Testard, é uma mistura de melodias clássicas inspiradas na Belle Époque, com arranjos orquestrais grandiosos e toques de dissonância que evocam a atmosfera sombria e misteriosa do jogo.A música não é apenas um pano de fundo; ela é um elemento narrativo que pontua os momentos de tensão, celebra as vitórias e aprofunda a melancolia dos desafios enfrentados pelos personagens. Os efeitos sonoros são igualmente detalhados e imersivos, desde o tilintar suave de um relógio antigo, o farfalhar das folhas em um jardim assombrado, até o som impactante de ataques e magias durante o combate.

Cada som é projetado para fornecer feedback tátil e espacial, permitindo que os jogadores se orientem no ambiente e reajam aos eventos do jogo. A dublagem dos personagens, com um elenco talentoso que inclui Charlie Cox e Andy Serkis, é entregue com uma performance que dá vida aos diálogos e monólogos, tornando cada interação significativa e emocionalmente ressonante.

A combinação desses elementos visuais e sonoros cria uma experiência sensorial completa, que transporta o jogador para o mundo de Clair Obscur: Expedition 33, tornando a jornada da expedição não apenas uma série de batalhas, mas uma imersão em um universo rico em detalhes, emoções e mistérios. A capacidade da Sandfall Interactive de criar um mundo tão coeso e envolvente através da fusão de arte visual e design de som é um testemunho de sua maestria em contar histórias e construir mundos, solidificando o jogo como uma referência em termos de imersão e qualidade técnica na indústria dos videogames, especialmente no gênero de RPG tático.

Público-Alvo e Rejogabilidade: Quem Cada Jogo Busca Alcançar?

Além das suas diferenças intrínsecas em gênero e mecânicas, Death Stranding 2: On the Beach e Clair Obscur: Expedition 33 também se distinguem significativamente em termos de seu público-alvo e do valor de rejogabilidade que oferecem. Compreender quem cada jogo busca atrair e como eles incentivam os jogadores a retornar é crucial para uma análise completa.

Death Stranding 2, com sua narrativa densa e jogabilidade que exige paciência e contemplação, é claramente direcionado a um público que valoriza experiências narrativas profundas e artísticas. Os fãs do primeiro jogo, que apreciaram sua abordagem única à exploração e à conexão assíncrona, encontrarão em On the Beach uma evolução natural e um aprofundamento dos temas que os cativaram.

A complexidade do enredo, as longas cutscenes e a natureza muitas vezes solitária da jornada de Sam podem não atrair jogadores que buscam ação constante e gratificação instantânea. No entanto, para aqueles que se entregam à sua cadência única, o jogo oferece uma recompensa imensa em termos de imersão e reflexão filosófica. A rejogabilidade em Death Stranding 2 reside em múltiplos fatores. Primeiramente, a vastidão dos seus mundos abertos (México e Austrália) e a liberdade de exploração incentivam os jogadores a descobrir todos os segredos e rotas alternativas.

A construção de infraestruturas, que pode ser aprimorada e expandida ao longo do tempo, oferece um incentivo para revisitar áreas e otimizar as redes de entrega. O sistema de “strand game”, onde as ações de um jogador podem impactar o mundo de outros de forma assíncrona, cria uma comunidade persistente e um senso de contribuição contínua. Além disso, a profundidade da narrativa e a riqueza de detalhes do universo de Kojima Productions convidam a múltiplas jogadas para captar nuances e simbolismos que podem ter passado despercebidos na primeira vez.

A busca por todas as memórias, a conclusão de todas as entregas e a otimização das rotas são elementos que estendem a vida útil do jogo, oferecendo desafios e recompensas para os jogadores mais dedicados. A natureza experimental e artística do jogo garante que ele continue a ser discutido e analisado muito tempo depois de seu lançamento, atraindo um público que aprecia a inovação e a quebra de paradigmas no design de jogos.

Clair Obscur: Expedition 33, por outro lado, apela a um público diferente, embora com algumas sobreposições. Os fãs de RPGs táticos e de JRPGs clássicos, que apreciam sistemas de combate complexos e estratégicos, encontrarão em Clair Obscur uma experiência gratificante.

A fusão de combate por turnos com elementos em tempo real oferece um desafio único que exige tanto raciocínio tático quanto reflexos rápidos. A estética visual inspirada na Belle Époque e a narrativa de fantasia sombria atrairão jogadores que buscam uma experiência mais artística e com uma atmosfera distinta. O jogo é ideal para aqueles que apreciam uma história rica em personagens e mistérios, com um foco mais direto na progressão do grupo e na superação de desafios através do combate.

A rejogabilidade em Clair Obscur pode ser encontrada na otimização de estratégias de combate, na experimentação com diferentes composições de equipe e na busca por todos os segredos e itens escondidos no mundo. A profundidade do sistema de habilidades e a variedade de equipamentos incentivam os jogadores a experimentar diferentes builds e abordagens para os confrontos. Além disso, a narrativa ramificada ou a presença de múltiplos finais (se confirmados) podem oferecer incentivos para múltiplas jogadas. A natureza do combate, que exige maestria e precisão, pode levar os jogadores a revisitar batalhas para aprimorar suas performances e buscar classificações mais altas.

A beleza artística do mundo e a complexidade dos personagens também podem ser um atrativo para uma segunda ou terceira jogada, permitindo que os jogadores mergulhem mais fundo na lore e nas relações entre os membros da expedição. Para os entusiastas de RPG que buscam uma experiência que combine a profundidade estratégica com a ação dinâmica, Clair Obscur promete ser um título que oferece horas de engajamento e desafios, com um valor de rejogabilidade que se baseia na maestria do seu sistema de combate e na exploração de seu universo rico e detalhado.

Aspectos Técnicos e Inovação em Death Stranding 2: Empurrando os Limites da Decima Engine

Death Stranding 2: On the Beach não é apenas uma continuação narrativa; é também um testamento do compromisso da Kojima Productions em empurrar os limites da tecnologia de jogos. O jogo é construído sobre a aclamada Decima Engine, desenvolvida pela Guerrilla Games e aprimorada pela própria Kojima Productions. Esta engine, já conhecida por sua capacidade de renderizar mundos abertos vastos e detalhados com fidelidade visual impressionante, é levada a novos patamares em DS2. A otimização para o PlayStation 5 permite gráficos ainda mais realistas, com texturas de alta resolução, modelos de personagens incrivelmente detalhados e efeitos de iluminação e partículas que beiram o fotorrealismo.

A atenção aos detalhes técnicos é evidente em cada aspecto do jogo, desde a simulação de fluidos para a chuva quiral e a água, até a física do terreno que reage de forma dinâmica aos passos de Sam e aos veículos. A implementação de tecnologias de ponta, como o ray tracing para iluminação global e reflexos, e o uso de técnicas avançadas de sombreamento, contribuem para uma imersão visual sem precedentes. A performance do jogo no PS5 é otimizada para garantir uma experiência fluida, com tempos de carregamento mínimos e uma taxa de quadros estável, mesmo em ambientes complexos e com muitos elementos na tela.

A inovação em Death Stranding 2 não se restringe apenas aos gráficos. A inteligência artificial dos inimigos foi significativamente aprimorada, tornando os confrontos mais desafiadores e imprevisíveis. As BTs, por exemplo, agora possuem comportamentos mais complexos e a capacidade de “ver”, exigindo que os jogadores adaptem suas táticas de furtividade e combate. Os novos tipos de inimigos, como os “ghost mechs” na Austrália, introduzem novas mecânicas de combate e desafios estratégicos. A conectividade online assíncrona, uma característica central do primeiro jogo, é expandida, permitindo que os jogadores interajam com o mundo de outros de maneiras mais significativas, seja através da construção de infraestruturas compartilhadas ou da troca de itens e mensagens.

Essa inovação na jogabilidade social, que promove a cooperação sem a necessidade de interação direta, é um dos pilares da experiência Death Stranding e é aprimorada em DS2. A Kojima Productions continua a demonstrar sua maestria em combinar narrativa, jogabilidade e tecnologia de ponta para criar experiências que são verdadeiramente únicas e que desafiam as convenções da indústria de jogos. O jogo não é apenas um avanço técnico, mas uma prova de como a tecnologia pode ser usada para aprimorar a arte de contar histórias e criar mundos imersivos e significativos.

Aspectos Técnicos e Inovação em Clair Obscur: Redefinindo o RPG Tático com Unreal Engine 5

Clair Obscur: Expedition 33 é um exemplo brilhante de como um estúdio menor, como a Sandfall Interactive, pode inovar e competir no cenário dos jogos AAA, especialmente no gênero de RPG tático. A decisão de desenvolver o jogo no Unreal Engine 5 foi um passo audacioso e estratégico que permitiu à equipe alcançar um nível de fidelidade visual e imersão que é raramente visto em jogos desse porte.

O Unreal Engine 5, com suas ferramentas avançadas como Lumen para iluminação global em tempo real e Nanite para geometria virtualizada, possibilitou a criação de ambientes incrivelmente detalhados e personagens com um nível de realismo impressionante. A arquitetura da Belle Époque, os detalhes dos trajes dos personagens e os efeitos visuais das habilidades mágicas são renderizados com uma clareza e profundidade que transportam o jogador para o mundo de Clair Obscur.

A otimização do motor para as plataformas de nova geração (PS5, Xbox Series X/S e PC) garante uma experiência fluida, com tempos de carregamento reduzidos e uma performance estável, mesmo durante as sequências de combate mais intensas e visualmente complexas. A inovação em Clair Obscur não se limita apenas aos gráficos. O sistema de combate, que mescla o tradicional RPG baseado em turnos com elementos em tempo real, é uma das maiores contribuições do jogo para o gênero. A inclusão de Quick Time Events (QTEs) e a capacidade de aparar ou desviar de ataques inimigos em tempo real adicionam uma camada de habilidade e reflexo que é incomum em jogos por turnos.

Essa mecânica exige que os jogadores estejam constantemente engajados, transformando cada batalha em um desafio dinâmico e recompensador. A inteligência artificial dos inimigos foi projetada para ser desafiadora, com padrões de ataque variados e a capacidade de se adaptar às estratégias do jogador, forçando uma constante evolução tática. Além disso, a profundidade do sistema de progressão dos personagens, com árvores de habilidades ramificadas, uma vasta gama de equipamentos e a possibilidade de personalizar o estilo de jogo de cada membro da equipe, oferece uma liberdade estratégica que incentiva a experimentação e a rejogabilidade.

A Sandfall Interactive demonstrou que é possível inovar dentro de um gênero estabelecido, combinando a profundidade estratégica dos RPGs clássicos com a ação dinâmica dos jogos modernos. Clair Obscur: Expedition 33 é um testemunho da paixão e da visão de sua equipe de desenvolvimento, que conseguiu criar um jogo que é ao mesmo tempo tecnicamente impressionante e profundamente envolvente, solidificando seu lugar como um título promissor que pode influenciar o futuro dos RPGs táticos.

Conclusão: Duas Obras, Um Legado de Inovação

Ao final desta análise comparativa entre Death Stranding 2: On the Beach e Clair Obscur: Expedition 33, fica evidente que ambos os títulos, apesar de suas diferenças fundamentais em gênero, narrativa e estética, compartilham um objetivo comum: empurrar os limites da arte e da tecnologia nos videogames. Death Stranding 2 continua a consolidar a visão única de Hideo Kojima, oferecendo uma experiência que transcende o entretenimento para se tornar uma profunda reflexão sobre a conexão humana, a resiliência e a fragilidade da existência em um mundo pós-apocalíptico.

Sua jogabilidade evoluída, que mescla exploração, combate tático e construção de infraestrutura, aliada a uma direção artística e design de som impecáveis, promete uma imersão sensorial e filosófica que poucos jogos conseguem alcançar. É um título para aqueles que buscam uma narrativa complexa e uma experiência que desafia as convenções, convidando à contemplação e à reflexão.

Clair Obscur: Expedition 33, por sua vez, emerge como um farol de inovação no gênero de RPG tático. Ao infundir elementos em tempo real em um sistema de combate baseado em turnos, a Sandfall Interactive demonstrou que é possível revitalizar gêneros estabelecidos com criatividade e ousadia.

Sua estética visual inspirada na Belle Époque, combinada com uma narrativa intrigante e um design de som atmosférico, cria um mundo que é ao mesmo tempo belo e perturbador. É um jogo para os amantes de RPG que anseiam por profundidade estratégica e um desafio que exige tanto raciocínio quanto reflexos. Ambos os jogos, cada um à sua maneira, representam o que há de melhor na indústria de videogames: a capacidade de contar histórias envolventes, de criar mundos imersivos e de inovar nas mecânicas de jogo.

Seja pela jornada contemplativa de Sam Porter Bridges ou pela expedição tática contra a Pintora, Death Stranding 2 e Clair Obscur prometem deixar um legado duradouro, inspirando futuras gerações de desenvolvedores e enriquecendo o panorama cultural dos videogames com suas visões distintas e ambiciosas. A escolha entre um e outro dependerá, em última instância, do tipo de experiência que o jogador busca, mas uma coisa é certa: 2025 será um ano memorável para os entusiastas de jogos, com a chegada dessas duas obras-primas que redefinem o que é possível no universo dos games.