A desenvolvedora de Palworld, Pocketpair, afirmou que não trabalhará com estúdios que utilizam IA generativa. Segundo o chefe de publicação, John Buckley, a empresa “não acredita” nessa tecnologia e busca preservar a autenticidade e a criatividade humana em seus projetos futuros.
A inteligência artificial pode estar dominando o mundo dos games, mas a Pocketpair, estúdio responsável pelo sucesso Palworld, decidiu seguir na contramão da tendência. Durante uma entrevista recente na Gamescom Asia 2025, o diretor de comunicações e chefe de publicação, John Buckley, afirmou que a empresa “simplesmente não acredita” em IA generativa — e que não pretende colaborar com estúdios que utilizem esse tipo de tecnologia em seus jogos.
Buckley foi direto: “Somos muito francos sobre isso. Se você gosta de IA, ou se o seu jogo é baseado em Web3 ou NFTs, há muitas editoras dispostas a trabalhar com você — mas nós não somos o parceiro certo”. Essa postura firme contrasta com a de outras gigantes do setor, como a EA, que vem incentivando o uso de ferramentas de IA em seus processos criativos.
Apesar da crescente popularidade da inteligência artificial, a Pocketpair acredita que essa onda pode gerar um efeito colateral negativo: uma enxurrada de títulos genéricos e sem alma. Buckley alertou que, nos próximos anos, o mercado deve enfrentar uma “era de autenticidade”, onde os jogadores passarão a valorizar produções genuínas e humanas. “Vamos ver muitos jogos de baixíssima qualidade, feitos por IA. Isso já está acontecendo lentamente no Steam. Acreditamos que o público vai reagir buscando experiências realmente criadas com paixão”, explicou.
A posição da empresa não deixa de ser polêmica, especialmente considerando as acusações que a própria Pocketpair enfrentou no início de 2024, quando Palworld foi lançado. Muitos críticos alegaram que o jogo teria usado IA em seu desenvolvimento, algo que Buckley nega com veemência. “Não adianta discutir com quem acredita nessas teorias. Se eu digo que não usamos, eles respondem que usamos. Não há fim para esse tipo de debate”, desabafou o executivo.

Além das polêmicas envolvendo a IA, a Pocketpair enfrenta um litígio com a Nintendo, que acusa Palworld de infringir propriedades intelectuais de Pokémon. A gigante japonesa sustenta que o jogo é uma cópia disfarçada e que os mods criados pela comunidade não constituem “técnica anterior” — ou seja, não validam o título como uma obra totalmente original. A disputa judicial ainda está em andamento e promete se estender pelos próximos meses.
Pocketpair: O futuro dos jogos sem IA
Com sua nova divisão de publicação, a Pocketpair busca apoiar criadores independentes e equipes que valorizam o desenvolvimento artesanal. O estúdio japonês quer se destacar por apostar em autenticidade, inovação e criatividade humana, fugindo do caminho automatizado que muitos concorrentes estão seguindo.
Enquanto outras empresas exploram a IA como ferramenta de produção em massa, a Pocketpair tenta se posicionar como uma defensora da arte genuína no meio digital. A decisão é ousada, especialmente num cenário onde a automação promete cortar custos e acelerar prazos — mas pode ser justamente essa autenticidade que fará a diferença no futuro do estúdio.
Em um mercado saturado por tendências e fórmulas prontas, a Pocketpair parece determinada a mostrar que ainda há espaço para a criação feita “à mão”. Resta saber se essa postura vai inspirar outros desenvolvedores ou isolá-los em um mercado cada vez mais dominado por máquinas.



