Hollow Knight não apenas revitalizou o gênero Metroidvania — ele estabeleceu um novo padrão de qualidade que todo jogo do gênero, incluindo Silksong, agora precisa alcançar ou superar.
Quando a Team Cherry começou a desenvolver Hollow Knight, o objetivo não era criar a “próxima grande metroidvania”. Na verdade, os desenvolvedores evitaram esse rótulo durante a produção. O que começou como um simples projeto independente transformou-se em um fenômeno global, elevando o nível de qualidade de tal forma que todos os lançamentos seguintes do gênero passaram a ser comparados a ele. Esse feito colocou o estúdio em uma posição única: qualquer sequência, como Silksong, carrega o peso de expectativas monumentais.
Um sucesso que superou suas inspirações
Assim como Stardew Valley reinventou a vida na fazenda digital, Hollow Knight fez mais do que homenagear clássicos como Metroid e Castlevania. O título ultrapassou suas inspirações com maestria, oferecendo um mundo vasto, misterioso e interconectado, recheado de segredos, combates desafiadores e personagens marcantes. O equilíbrio entre exploração, dificuldade e atmosfera criou uma experiência imersiva que conquistou milhões de jogadores.
Cada nova área descoberta era um convite para a curiosidade, com ambientes que se transformavam organicamente e um sistema de mapas inteligente, que valorizava tanto a descoberta quanto a progressão. Esses detalhes fizeram com que o jogo se destacasse, não apenas como um bom representante do gênero, mas como o novo modelo de excelência.
O impacto no mercado de jogos
Os números falam por si: com 15 milhões de cópias vendidas, Hollow Knight se aproxima do impacto total das franquias que ajudaram a criar o gênero que ele agora domina. Desde seu lançamento, o Steam testemunhou um crescimento massivo de jogos classificados como Metroidvania, passando de cerca de 150 para mais de 1.300. Esse salto revela como o sucesso do título não apenas revitalizou, mas redefiniu as expectativas dos jogadores para o gênero.
Entretanto, com a elevação do padrão, também surgiram novos desafios. Muitos jogos tentaram replicar a fórmula, mas poucos conseguiram entregar a mesma profundidade emocional, a coesão de design e o nível de polimento que Hollow Knight apresentou. Títulos como Rain World, Animal Well e Nine Sols destacam-se entre uma lista cada vez mais saturada, mas ainda assim reforçam como a obra da Team Cherry continua sendo a referência máxima.
O desafio de inovar sem perder a essência
Mesmo dentro do estúdio, a pressão é clara. Silksong, a aguardada sequência, precisa não só atender, mas superar expectativas. A base de fãs, agora acostumada a um nível altíssimo de design e narrativa, busca uma experiência igualmente encantadora, mas também inovadora. A Team Cherry sempre priorizou a criação de um mundo vivo, cheio de mistérios, personagens e segredos, em vez de seguir fórmulas fixas. Essa abordagem foi o que tornou Hollow Knight tão especial — e paradoxalmente, é isso que torna Silksong uma aposta ainda mais arriscada e empolgante.
Cada detalhe importa: desde o som de um ataque acertando, até a sensação de descoberta ao explorar um ambiente desconhecido. São essas sutilezas, quase invisíveis, que diferenciam um bom jogo de um título verdadeiramente memorável. Manter esse padrão, sem perder a sensação de frescor, será a prova definitiva da capacidade criativa do estúdio.
Se Silksong conseguir cumprir a promessa implícita deixada por seu antecessor, não será porque seguiu o rótulo de Metroidvania à risca, mas sim porque, mais uma vez, a Team Cherry colocará a experiência do jogador acima do gênero. O foco na sensação de descoberta, no equilíbrio entre desafio e recompensa, e na construção de um mundo vivo e interconectado será essencial para capturar novamente a magia que Hollow Knight trouxe ao mercado.
Os próximos anos serão um teste não apenas para a Team Cherry, mas para todo o gênero. Com a popularidade das metroidvanias em alta, o público se torna cada vez mais exigente — e isso é ótimo. A busca por experiências mais profundas e refinadas pode abrir caminho para novos clássicos, mas sempre à sombra do cavaleiro silencioso que transformou um nicho de mercado em um fenômeno cultural.